Mercado e marketing

  • A reinvenção do mercado musical – Artigo publicado na Billboard Brasil

    Quando falamos em crise da indústria da música, nos referimos à indústria do CD e ao modelo aplicado por ela, não à combinação de sons e silêncios que formam uma melodia. Nunca se fez e se consumiu tanta música quanto agora. Graças a novas tecnologias e à internet, avançamos muito em termos de distribuição e produção, hoje é possível produzir um disco com pouco dinheiro e disponibilizá-lo a ouvintes em toda parte do mundo. Porém tais inovações geram tanto oportunidades quanto um sério problema: milhares de artistas independentes colocam suas músicas na rede diariamente, disputando a atenção dos ouvintes. No MySpace, por exemplo, são mais de 5 milhões de artistas.

    O desafio passa a ser, portanto, como fazer com que os fãs de música notem o que está sendo produzido de novo? Nesta nova realidade, qualquer modelo de negócio que deseja ser bem sucedido precisa vislumbrar uma solução para este problema, de preferência algo bem longe do velho orçamento promocional milionário voltado para a televisão, rádio e outdoors.

    Internacionalmente, algumas novas saídas estão surgindo. Sites que funcionam como ferramentas de filtragem, separando e organizando as imensas bases de informação, têm sido usados para direcionar a demanda, agora não mais em função da vontade de grandes mídias, mas em função do gosto de quem consome música, fazendo com que artistas independentes, que buscam o reconhecimento sem o apoio de grandes gravadoras, conquistem número de fãs suficiente para consumir seus trabalhos e, ao mesmo tempo, tenham a necessária independência artística e comercial para sobreviver no mercado.

    O Sonicbids, por exemplo, estabelece o contato direto entre artistas e profissionais da indústria, organizando o mercado e oferecendo oportunidades que vão de vagas em festivais a licenciamento de músicas, dando mais oportunidades para que artistas do mercado médio se profissionalizem. A cada negócio fechado entre eles, o Sonicbids fica com uma porcentagem. O site tem ainda uma equipe especializada em criar campanhas de marketing para marcas que desejam se associar à música, empresas como Yamaha, Guitar Hero, Jansport e Vans já usaram o serviço. Prova de que a venda de fonogramas não é a única maneira de gerar receita na indústria musical.

    Já o Sellaband é um meio termo entre novo e velho modelo, porque apesar de ter inovado a estratégia de busca de artistas e financiamento de trabalhos, ainda tem a venda de CD como pilar principal. Funciona assim: se um fã acredita que determinado artista tem chances de fazer sucesso, pode investir dinheiro nele. Quando o artista alcança a meta estabelecida, o fundo é usado para viabilizar o projeto, e o fã é recompensado com downloads grátis, camisetas, CDs exclusivos, tem o retorno do seu investimento inicial e estabelece, é claro, um forte elo de relacionamento com o artista.

    Aqui no Brasil, a Chico e Alaide aposta em um novo modelo de negócios, onde o foco deixa de ser a venda de fonograma e se transforma em apresentações ao vivo, com receitas complementares como patrocínio, e-commerce, merchandising, CDs, DVDs, e estratégias de branding musical para empresas de outros setores em ações online e offline.

    Para solucionar a “questão promocional”, fundamental para qualquer novo modelo de negócios, a Chico e Alaide desenvolveu a Music Network, uma nova forma de comunicação, divulgação e negócios para artistas e profissionais da indústria e seus fãs. Para estimular a interação entre eles, fazendo com que os fãs escutem música de artistas que ainda não conhecem e o processo de boca a boca natural ganhe mais velocidade, os participantes concorrem a prêmios como instrumentos musicais, iPods e videogames. Na Chico e Alaide, os artistas são filtrados e ranqueados, têm acesso a uma rede de serviços oferecidos por profissionais da indústria, e a chance de participar de oportunidades como shows e coletâneas, a primeira delas, é o MB ao Vivo, uma festa que vai viajar pelo Brasil inteiro.

    Read More